A noite desta segunda-feira (12) foi de tristeza e apreensão para muitos moradores de Acari. As fortes chuvas causaram alagamentos e muitos transtornos na favela. A água invadiu diversas casas e muitos moradores perderam móveis e eletrodomésticos. Os transtornos só reforçam, mais uma vez, o fracasso da execução das obras do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento na região, realizadas entre 2007 e 2010.
Desde as 18h30, o Centro de Operações da Prefeitura do Rio de Janeiro informava que a cidade estava em estágio de atenção devido à possibilidade de pancadas de chuva em toda a região metropolitana. A tragédia já conhecida em Acari se repete praticamente três anos depois da enchente que, na madrugada de 11 de dezembro de 2013, surpreendeu moradores e tornou Acari uma das regiões mais atingidas no estado do Rio de Janeiro pelas chuvas. Muitos só tiveram tempo de sair de suas casas com a família e a roupa do corpo. Os transtornos, desta vez, foram menores, mas ainda afetaram muita gente.
Obras de melhorias costumam resolver esse tipo de problema, mas isso não aconteceu em Acari. Este era o objetivo das obras do PAC, que injetou mais de R$1 bilhão em diversas favelas do Rio e era considerado o maior programa de intervenção urbanística do Brasil. Entre 2007 e 2010, a comunidade recebeu 24 milhões de reais em investimentos. O projeto pretendia impedir alagamentos no entorno do curso do Rio Acari, arborização, espaços recreativos, brinquedos e ciclovias. O que se vê, anos depois das obras, é um completo descaso. A falta de manutenção de brinquedos ao redor da favela, da ciclovia e espaços recreativos se somam aos transtornos já conhecidos das chuvas de verão.
“A casa da minha mãe foi aterrada, e mesmo assim entrou água da chuva ontem. Vivemos em meio à calamidade pública, e as obras não nos ajudaram em quase nada”, desabafa a moradora Andreza Conceição, de 21 anos e mãe de um bebê de 8 meses.
Outras favelas também foram afetadas
As fortes chuvas atingiram também diversas favelas da cidade. Por volta das 20h, as sirenes do Sistema de Alerta e Alarme Comunitário da Prefeitura do Rio foram disparados em 13 comunidades: Sapê e São Miguel Arcanjo (Madureira); Parque Silva Vale (Vicente de Carvalho); Brício de Moraes, Juramento, Urubu (Grande Méier); Vila Pequiri e Guaíba (Penha); e Caracol, Sereno, Caixa D’água, Frei Gaspar e Nova Maracá (Complexo do Alemão). Moradores relataram prejuízos materiais nas redes sociais.