O Brasil está rejuvenescendo o Covid-19, com a maioria dos casos detectados na cidade do Rio de Janeiro na faixa etária dos 30 aos 39 anos, quando pessoas acima de 60 anos são grupo de risco. O sinal amarelo foi aceso pela pneumologista Margareth Dalcolmo, da Escola Superior de Saúde Pública da Fiocruz, em entrevista ao Correio Brasiziliense publicada hoje, 27.
Este rejuvenescimento se deve, segundo ela, às condições de vida da população, entre outras razões. A pneumonia, por exemplo, ambiente ideal para a instalação do Covid-19 no organismo, tem incidência alarmante na cidade.
“O Brasil tem uma taxa elevada (de tuberculose), de 30 em cada 100 mil habitantes. Em cidades como o Rio de Janeiro, ela já é muito alta, de 70 a 75 casos por 100 mil. Mas na Cidade de Deus, onde houve um caso, na Rocinha e em Manguinhos, por exemplo, ela explode para 280 a 300 por 100 mil. E nos presídio chega a absurdos 2.500 ocorrências por 100 mil. Aproximadamente 80% dos casos de tuberculose são pulmonares. Quando o Covid-19 encontrar a tuberculose, teremos uma mortalidade absurda.
A doutora disse também que a média de idade dos pacientes em estado grave no Brasil está, por enquanto, entre 47 e 50 anos, em geral pessoas de classe média internadas em hospital particular. E existe uma lacuna entre o que acontece nos hospitais e os números oficiais. “Não temo em dizer que estão ocorrendo mortes por Covid-19 sem diagnóstico na rede pública”.
A pneumologista defende o isolamento social radical: “Não há alternativa. Isso tem um alto custo econômico, terrível mesmo, mas a doença custará ainda mais caro. Não haverá vacina para salvar pessoas nesta pandemia, a vacina será para daqui a dois anos. As pessoas estão morrendo agora”, finalizou.