A democracia brasileira sofria, há exatamente um ano, seu mais duro golpe desde a instauração do Regime Militar em 1964: a aprovação na Câmara dos Deputados do impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Com uma campanha sórdida da imprensa corporativa e entidades como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e movimentos de direita como o MBL – Movimento Brasil Livre, seríamos testemunhas de uma campanha sórdida e criminosa contra a nossa jovem e combalida democracia.
Com a dúbia justificativa de pedaladas fiscais, a presidenta Dilma Rousseff, eleita com mais de 54 milhões de votos, foi destituída do cargo numa votação de impeachment que entraria para a história, tamanha a desfaçatez e descaramento de muitos parlamentares. Pouco depois, viríamos a descobrir que 2/3 desses “homens e mulheres de respeito” estariam envolvidos com escândalos de corrupção, denunciados, inclusive, na Operação Lava Jato.
O ex-deputado e ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (que se encontra atualmente preso em Curitiba) foi o grande arquiteto do golpe depois que Dilma não se deixou chantagear por ele em uma sessão do Conselho de Ética. Ele precisava do apoio de deputados do PT para salvar a própria pele, e ela lavou as mãos. Como não obteve sucesso, autorizou a abertura do processo de impeachment mais fraudulento da história da república brasileira.
Temer e sua turma não perderam tempo e, logo após a oficialização da saída da presidenta, iniciou um processo de desmonte do Estado e um retrocesso político econômico e social inimaginável após as poucas conquistas que o país vinha alcançando nas duas últimas décadas. Vimos com nossos próprios olhos o fim do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, corte nas verbas pra saúde e educação, “Reforma” da Previdência – que, entre vários absurdos, propõe aposentadoria integral após 49 anos de contribuição -, terceirização irrestrita e dilapidação dos direitos trabalhistas, reforma educacional e Projeto Escola Sem Partido, sucateamento do Ministério da Cultura e privatização do Pré-Sal para multinacionais.
Num governo recheado de ministros citados nas delações dos executivos da Odebrecht, a base aliada do governo golpista tem como missão deixar o país atrativo para possíveis investidores estrangeiros. Desde os primeiros dias, os usurpadores recebem a aprovação dos setores mais conservadores da sociedade, que apoiam incondicionalmente tais medidas, mesmo sabendo que serão atingidas por elas. Afinal, o que essas pessoas queriam mesmo era tirar a Dilma e o PT do poder, não importando se a corrupção e a recessão continuariam.
É desesperador notar que o governo atual tenha como missão jogar uma pá de cal nas poucas conquistas sociais conseguidas nos últimos anos, sendo que tamanhas reformas são efetuadas por pessoas que não possuem a menor lisura ou legitimidade para tanto. Se pudessem, certamente revogariam a Lei Áurea e retomariam a escravidão no país. É imperioso que o povo brasileiro volte às ruas e não permita que esse governo seja vitorioso em seus objetivos. Este mês, centrais sindicais de todo o país convocam uma greve geral em 28 de abril para tentar pressionar o governo usurpador a desistir. Então, vamos às ruas para derrubar essas medidas golpistas!