Um bate-papo com Aldir Blanc: o “Ourives do Palavreado”

Reprodução da internet.

Aldir Blanc dispensa apresentações, mas vale lembrar que, além de ser compositor e um dos maiores poetas da música popular brasileira também é escritor, letrista e cronista. Dorival Caymmi o chamou de “ourives do palavreado”. Ele tem seu respeito alcançado não tão somente pelas belas letras que fez e faz, mas também por sua consciência política. É um dos maiores intelectuais desse país.

Resolvi fazer cinco perguntas para ele, pois como o próprio Caymmi disse: “Todo mundo é carioca, mas Aldir Blanc é carioca mesmo”.

Aqui segue uma espécie de bate-pronto (quem é do futebol de favela entende), com  as cinco perguntas que fiz, e as cinco respostas que recebi.


Ronaldo Ferreira de Almeida:
Qual a importância do samba como voz política, como agente transformador social?
Aldir Blanc: O samba ainda é a voz política musical mais importante do Brasil.

RFA: O Senhor acha que o samba ainda cumpre seu papel social hoje em dia?
AB: Sim. Basta ver como clássicos do samba vão e voltam com força total.

RFA: Qual o poder do samba para os moradores das favelas?
AB: Bom, só posso responder por palpite, mas acho que é uma expressão fundamental com uma força criadora e de soltar a voz numa série de problemas tremenda. Lembrem-se do show Opinião que teve esse papel há décadas!

RFA: O seu samba O Bêbado e a Equilibrista entrou para a história com uma forte consciência política, como é ter essa responsabilidade?
AB: O Bêbado e a Equilibrista surgiu primeiro como homenagem à morte do Chaplin. Depois, João e eu resolvamos ampliar a letra para os exilados, já que Chaplin também sofreu com isso. E aí, para nosso orgulho, transformou-se ESPONTANEAMENTE no hino da anistia.

RFA: Alguns sambas-enredo deste ano trataram de assuntos sóciopolíticos. O Senhor acha que deveria ter mais sambas abordando a temática social?
AB: Acho que a resposta foi dada na Sapucaí. Uma pequena escola tirou segundo lugar e devastou o desgoverno do “presifraude Temereca”, pintando o crápula como um vampiro corno! Ninguém faria um protesto melhor.

Fecho a minha entrevista dizendo que bater um papo com Aldir é sempre um prazer. Ele, como ninguém, é um cronista do cotidiano carioca. Obrigado Aldir! Abração!