Comunicação comunitária ganha cada vez mais força.
Há quatorze anos atrás, quando foi colocado o primeiro site da Agência de Notícias das Favelas no ar, era impossível entrar nas favelas com a facilidade que se entra hoje. Esse, inclusive, foi um dos motivos que levou a fundação da ANF. Hoje, porém, muitas pessoas perceberam o quanto é importante e estão também criando veículos de comunicação comunitária. Uma das pessoas que fez isso chama-se Michel Silva, 21 anos, estudante de jornalismo da PUC, que desde os dezoito anos atua como um agente de comunicação comunitária. O primeiro meio foi pela internet, quando lançou o vivarocinha.org e logo depois, com o apoio da Agência Redes Para Juventude, lançou o jornal impresso Fala Roça. Ele conta que o objetivo com o jornal comunitário era falar principalmente para o público nordestino. O jornalismo veio com o apoio de vários amigos que admiram seu trabalho, tal como o professor Adair Rocha.
Locais de cultura e lazer próximos à UPP são pouco frequentados
Michel recebe sempre jornalistas interessados em matérias e conhece a favela como poucos, já que andar pela Rocinha para descobrir novas pautas é sua paixão. Hoje andamos com ele durante quatro horas e descobrimos locais que, segundo ele, até mesmo os moradores desconhecem ou frequentam, como por exemplo o Teatro, a quadra de futebol e as churrasqueiras, todos próximos à base da UPP onde, de acordo com denúncia do Ministério Público, o pedreiro Amarildo teria sido torturado e morto. Em um dia de feriado, tal como hoje, realmente é muito estranho que espaços de lazer em uma favela com milhares de habitantes não estejam sendo utilizados. Além desses espaços, um pouco mais distante, há uma quadra de tênis, que felizmente está sendo utilizada, e até mesmo uma pista de skate, que leva o nome de um antigo líder comunitário, o Jorge Mamão.