Se há uma pessoa que podemos considerar inimigo dos negros e de todas as minorias, esse homem é o deputado federal e pré-candidato a presidência da república Jair Bolsonaro. Ele entrou e ganhou espaço na política com discurso moralizador e pró-ditadura. Há mais de 20 anos, sua pregação contra os direitos humanos e as minorias tem feito dele o porta-voz de uma parcela da população que cresce assustadoramente nesses dias atuais.
Jair Bolsonaro é a favor da pena de morte, misógino, contra a união homo afetiva, anticomunista convicto, apologista de estupro, entusiasta da tortura, entre outros crimes. Durante a votação do impeachment da presidenta Dilma Rousseff no ano passado, saudou o coronel Brilhante Ustra, famoso torturador do Doi-Codi (órgão do governo militar que torturava e matava quem se opunha ao regime), ao votar a favor da saída dela. Em um programa de TV há anos, disse na frente da cantora Preta Gil que seus filhos jamais se relacionariam com uma mulher negra, porque ele “não os educou pra isso”. Defende que a mulher deve ganhar menos que o homem no mercado de trabalho porque “engravida”, além de já ter afirmado que o maior erro da Ditadura Militar foi ter torturado e não matado os comunistas.
Na semana passada, ele foi convidado pela direção do Clube Hebraica, na Zona Sul do Rio, para fazer uma palestra para uma plateia de 300 pessoas. Parte de comunidade judaica carioca não aprovou o convite e convocou um protesto no local. O homem que disse para uma colega na Câmara dos Deputados que não a estupraria porque ela não merecia, dessa vez, direcionou sua metralhadora giratória para ativistas, índios e negros quilombolas. Com tantos absurdos ditos, ficou claro que esse brasileiro teria que ser branco e morar no asfalto.
Existe uma parcela de pessoas esclarecidas que acreditam que não devemos dar créditos a ele, pois é apenas um louco oportunista. Eu acredito no contrário. Quando este senhor e outros como ele fazem seus discursos de ódio na tevê, conseguem atrair os eleitores mais insuspeitos. Evangélicos, negros, gays e favelados têm sido seduzidos por estas falas falso-moralistas, e nós, que andamos em comunidades e favelas, temos a obrigação de combater esse mal e mostrar que o que ele defende é errado. Jair Bolsonaro e o discurso conservador de parte da classe política brasileira se coloca contra a paz e a vida das pessoas. Ou a gente se levanta agora e vai para o confronto de narrativas ou corremos o risco de ter um presidente fascista – e voltar àquele período que ninguém quer ver de volta.