Dança, arte e comemoração em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O aniversário de 28 anos da Sociedade Cultural Projeto Luar foi comemorado no último domingo com apresentações das turmas de dança infantil, jovens e adultos, que ao longo de sua existência tem criado novos talentos, desenvolvido valores e formando cidadãos críticos e conscientes.
“A gente fazia esquetes na igreja e tinha um frei que conhecia uma bailarina no Rio de Janeiro, chamada Rita Serpa. Ele convidou essa bailarina pra fazer esse trabalho aqui por três meses, quando a gente ia se apresentar no Fórum de Violência contra a Mulher. Depois, ela decidiu continuar com este trabalho”, conta o professor, coreógrafo e coordenador do Luar, Deco Baptista, como foi o início do projeto.
De acordo com Deco – que também é professor de uma das turmas chamada Luarte – , as pessoas tinham medo de ir à Duque de Caxias, porque a ONU, na década de 90, tinha considerado a Baixada Fluminense o lugar mais violento do mundo. Ele, também, foi um dos primeiros alunos a ser formado pela bailarina Rita e, da mesma forma que ela, tem “formado novos formadores”.
“Ela decidiu criar um projeto de ‘formar formadores’. Ela pegou esse primeiro grupo e devagar ia formando os primeiros professores. Eu fui o primeiro a ser formado pela Rita e devagar outros alunos vieram. Outros professores já foram meus alunos e hoje estamos na quarta geração”, diz o coreógrafo.
O projeto Luar também homenageou a bailarina Valéria Souza, que faleceu há três meses, formada na primeira turma de professores junto com Deco, que durante o evento fez um solo em homenagem à Valéria Souza.
A aluna Ellen Sousa, de 14 anos, leu um poema, feito por ela mesma, em homenagem à Valéria. (Leia o poema ao final deste post).
A comemoração teve início com a turma infantil, formada por crianças de 7 a 12 anos, que ensaiam de segunda à sexta, das 9h às 19h.
As coreografias “Tropicália”, com a música de Caetano Veloso, e “Nada Mais Importa”, com a música da banda de rock Metallica foram um dos destaques do dia.
Promovendo a inclusão, a turma Luar Sem Limites, coordenada pelo professor Mário Junior, apresentou como um dos destaques o cadeirante Wallace, provando que a dança é para todos e com superação não há barreiras.
A comemoração ainda contou com as performances dos alunos Dayse Alves, Eduardo Joseph e Lorrayne, além da dupla Larissa e Raquel, que apresentaram coreografias de autoria própria.
O grupo hip hop MJPOP, formado por jovens da Baixada, encerrou à noite.
As comemorações seguem até o final do mês, todos os domingos a partir das 17h, com muita dança, arte e o sonho da democratização da arte para todos.
Poema de Ellen Sousa