E depois de tanta pompa por parte do governo usurpador e golpista, as primeiras operações do exército na chamada intervenção militar das forças armadas deram início. E já começa mal, diga-se de passagem. Como das outras vezes em que o exército ocupou a cidade, os alvos são os mesmos de sempre. A periferia, as comunidades e favelas.
Mais uma vez o povo favelado é a bola da vez do Estado e dessa vez, a ocupação vem com fatos bem preocupantes. Logo nas primeiras operações militares, já é flagrante a intenção dos militares em aterrorizar os moradores das comunidades.
O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, no dia 20 de fevereiro, afirmou, durante a reunião dos Conselhos da República e de Defesa Nacional, que os militares que atuarão na intervenção da segurança do Rio precisam de “garantias” para que não enfrentem “uma nova Comissão da Verdade”. A comissão, que funcionou entre 2012 e 2014, apurou as violações de direitos humanos ocorridas durante a Ditadura de 1964, tendo como foco principal os desaparecidos políticos.
Ou seja, os militares querem carta branca para fazer o que bem entenderem nas favelas. Depois de aprovarem uma lei que crimes cometidos por militares serão julgados por uma junta militar, essa afirmação do militar é muito preocupante. As violações aos direitos dos moradores de favelas já estão sendo violados.
Militares estão tirando fotos dos moradores com celulares pessoais. Apesar do ministro-chefe do gabinete de segurança institucional da Presidência, general Sérgio Etchegoyen, dizer que o Exército não está fichando ninguém, a pergunta que fica é a seguinte, então por que estão fotografando as pessoas?
Numa outra entrevista, o interventor federal na Segurança Pública no Estado do Rio de Janeiro, general do Exército Walter Souza Braga Netto, afirmou, que o Rio é um laboratório para o Brasil
– As inteligências, elas sempre funcionaram. Quando você centraliza e unifica o comando, a tendência é que isso agilize o trabalho de inteligência. O que deverá ocorrer agora é uma maior agilidade. O Rio de Janeiro, ele é um laboratório para o Brasil. Se será difundido o que está sendo feito aqui para o Brasil, aí já não cabe a mim responder, afirmou o general.
O que pensar ou esperar depois dessas declarações?
O que é certo é que quem vai sofrer as consequências dessa intervenção é mais uma vez o povo preto, pobre e favelado.
Até agora, o exército efetuou duas prisões e foi na Vila Kennedy.
Uma por desobediência civil e outra por desacato à autoridade.
Intervenção, não!