Em meio aos protestos contra o assassinato de João Beto, homem negro espancado e asfixiado por dois seguranças brancos do Carrefour de Porto Alegre, foi lançada a Universidade Livre de Sociologia e Comunicação Afro-Brasileira (Unafro). Pensada em 2017, após ser fundada a Nova Frente Negra Brasileira (NFNB), a Unafro tem o intuito de levar até a academia estudos de intelectuais indígenas e afro-brasileiros.
O lançamento contou com a presença dos escritores, intelectuais e nomes do movimento negro no Brasil, como: Conceição Evaristo, Vovô do Ile Aiyê, Professor Juarez Xavier, Claudia Alexandre, Edinéia Gonçalves, Salete Camba, Simone Terena, Professora Marineusa Medeiros, Michael França, Professor Ivanir dos Santos, Alexsandro Santos e Tadeu Kaçula.
Segundo o idealizador, fundador e coordenador executivo da Unafro, Tadeu Matheus, ou Tadeu Kaçula como é chamado, a universidade tem como base o histórico da Frente Negra Brasileira, criada em 16 de setembro de 1931. “Uma das grandes ações da Frente foi a fundação de uma escola de educação e alfabetização para crianças negras, pois, naquela época tinha uma lei que impedia a população negra de ingressar nas instituições de ensino”, explica.
Além disso, Kaçula afirma que a Unafro tem a intenção de ir na contramão da atual academia, que se restringe a estudar escritores e intelectuais brancos. “Existe uma produção intelectual vasta e importante, com uma carga significativa de valor e formulação de pensamento crítico, que as pessoas não tem muito acesso, pois, as universidades como um todo não contemplam esses intelectuais. A Unafro nasce a partir dessas questões e desses apagamentos”, completa.
A universidade funcionará por meio de uma plataforma de ensino à distância (EAD), que será lançada na primeira semana de dezembro. Estarão disponíveis cursos livres, de extensão e de especialização.
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