Vamos falar sobre racismo sempre!

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O ano de 2018 não foi fácil para ninguém e para a população negra e pobre foi ainda mais difícil. Perdemos Marielle Franco, foi eleito um presidente bem à moda brasileira, um governador aqui no Rio que tem como foco à política pública de segurança exterminar a população negra e favelada. Vivemos tempos perigosos, em que andar na rua nos torna um alvo da polícia militar.

Cada um/ a trilha um caminho nessa vida, eu particularmente escolhi o mundo acadêmico para ser o meu ambiente profissional. Se é a escolha certa, não sei, mas sei que seja ela qual for, sempre enfrentarei o racismo aberta ou veladamente.

Em 2018 na Escola de Serviço Social tivemos algumas conquistas no enfrentamento ao racismo, conseguimos avançar no debate sobre como as instituições correspondem as determinações gerais da sociedade, isto é, se o Brasil é um país de capitalismo periférico e racista, suas instituições também o são. Basta olharmos para todos os cargos públicos melhor remunerados e observaremos que nós, negras e negros somos a minoria, em determinadas instâncias sequer estamos lá.

Os direitos nesse país se configuram como privilégios, pois uma parcela muito significante da população nunca teve 13º salário, férias, acesso à educação etc., e quem os tem, em sua maioria são brancos, veja bem, ser branco no Brasil é um privilégio, pois a cor branca da pele não lhe impõe um risco de morte, enquanto à população negra sim.

Precisamos avançar na luta antirracista e a branquitude precisa reconhecer os seus privilégios para que nós, negras e negros possamos avançar em nossos direitos. O corpo docente das universidades públicas no Brasil é branco e masculino, faz-se necessário levar a sério a política de ação afirmativa, é preciso enegrecer todos os espaços. Os brancos aliados progressistas precisam sair do pedestal e fortalecer a luta antirracista, precisam reconhecer os próprios privilégios para que possamos avançar, pois quando qualquer negro põe em risco o privilégio de um branco (de direita ou de esquerda), buscam a burocracia, reivindicam a democracia para a manutenção do que existe, isto é, de seus cargos que chegaram até ali através de privilégios. Entendam: se não fosse o passado racista brasileiro, em que as africanas e os africanos foram postos como escravizados e os europeus como escravizadores, hoje a maioria da população negra não seria pobre e a maioria branca não seria rica. Se hoje são juízes, professores, desembargadores etc.etc.etc., é porque nos roubaram, sequestraram, mataram, vocês possuem uma dívida imensa conosco e abrir mãos de seus privilégios é um trajeto necessário se quisermos construir um Brasil sem desigualdades sociais. Não tem mais volta, queremos tudo o que é nosso.