Na última quinta-feira, 12, a candidata à prefeitura do Rio de Janeiro, Benedita da Silva, junto ao ex-presidente, Lula, convidou integrantes de veículos de comunicação comunitária para uma live, com o intuito de debater acerca de políticas públicas para as favelas cariocas. O fundador e diretor da Agência de Notícias das Favelas (ANF), André Fernandes, foi um dos oito convidados para o debate.
A conversa foi realizada em quatro blocos, em cada um deles os jornalistas indicados faziam perguntas para Benedita e Lula. Entre os temas aos quais os convidados poderiam questionar, estavam: mobilidade urbana, educação, geração de emprego e renda, cultura, saneamento básico, comunicação comunitária e o combate à Covid-19.
Primeiro bloco
Com questões, em sua maioria, direcionadas a candidata à prefeitura carioca, foram abordados como será administrada a relação entre religião e política, caso seja eleita, e como ela pretende diminuir o racismo institucional. Benedita afirmou que é preciso respeitar as diversas manifestações religiosas e governar com democracia e laicidade. “Púlpito é uma coisa, palanque político é outra coisa. Prefeitura é uma coisa, igreja é outra”, disse. Além disso, afirmou que irá investir nas ações afirmativas e políticas de cotas na cidade. “Vamos fazer concurso público e dar oportunidade para negros e pobres. Precisamos fazer uma política antirracista”.
O ex-presidente Lula, ficou incumbido de responder acerca do que poderia ter sido feito em seu governo para que a comunicação comunitária tivesse mais investimento atualmente. Segundo Lula, muita coisa poderia ter sido feita como, por exemplo, a regulação dos meios de comunicação. “Não dá para nove famílias ficarem comandando esse país. É preciso democratizar isso”.
Segundo bloco
Questionada acerca de ideias para fazer com que a prefeitura passe a divulgar suas ações nas mídias comunitárias, Benedita explicou que para isso acontecer é necessário um respaldo do poder legislativo. “Temos que mandar uma proposta para incluir esses órgãos como interesse de comunicação da prefeitura”.
A questão da atuação do terceiro setor na cidade do Rio e, principalmente, nas áreas de periferia e favela também foi posta no debate. De acordo com Lula, para se governar é necessário envolver a sociedade e organizações do terceiro setor são de extrema importância para a geração de emprego de pessoas que, muitas vezes, empresas tradicionais não querem contratar. “Esse setor precisa ter mais apoio. Se conheço a Benedita e a disposição dela, ela vai fazer um governo com participação comunitária”.
Terceiro bloco
Relembrando que a candidata Benedita foi uma das autoras da Lei Aldir Blanc, André Fernandes, a questionou sobre como a cultura na favela será tratada, caso seja eleita. Segundo Benedita, ela será tratada da mesma forma que se trata no asfalto. Além disso, afirmou que é preciso investir na cultura jovem dentro das favelas, pois, ela é quem faz o movimento turístico na cidade. “Nossos meninos dançam, produzem e tem uma criatividade imensa que precisa ser apoiada”.
Questionado sobre a infraestrutura dentro da favela e o combate às drogas, o ex-presidente afirmou que, primeiramente, deve-se incluir a comunidade e entender o que é necessário mudar para que a infraestrutura melhore e seja mais eficaz para os moradores. Acerca das drogas, Lula explicou que antes de pensar nisso precisa-se entender como cuidar do povo. “Precisamos compreender a origem, pois, quando falamos em combater, a polícia pensa que é matar”, afirmou.
Quarto bloco
Na última parte da conversa, entraram no debate como irá funcionar a moeda social da favela, prevista no plano de governo de Benedita, a regulamentação do passe livre para os pré-vestibulares comunitários e polarização política. Acerca do passe livre, a candidata afirmou que dará total atenção e que o assunto está dentro do seu plano de fortalecimento da educação nas favelas.
Sobre a moeda social, Benedita explicou que será um cartão disponibilizado aos moradores das favelas com o valor de 100 reais, que complementará com o do programa Bolsa Família. “Essa quantia só poderá ser utilizada dentro da comunidade, fazendo com que a economia neste território gire e, com isso, aumente a geração de emprego”, afirmou.
A questão da polarização política ficou a cargo de Lula responder, ao qual disse:
“Sempre houve polarização, a torcida do Vasco e do Flamengo nunca se entendeu dentro do jogo, mas quando voltava para a comunidade, tomavam suas cervejas juntos. O problema é que começou a ser estimulado a política do ódio. Vamos vencer isso com muita disciplina, discurso, amor, respeito e paz”.
Jornalistas e representantes dos veículos participantes:
Anderson França – Coluna de Terça;
André Fernandes – Agência de Notícias da Favela;
Gracilene Firmino – Favela da Rocinha;
Zen Ferreira – Penha Notícias;
Barbara Nascimento – Portal das Favelas;
Wanderley – Rádio Estilo Livre FM;
Erika Alves – Conexões Periféricas – Portal RP;
Felipe dos Anjos Pereira – Federação das Associações de Favelas do Rio de Janeiro (FAFERJ).
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