Crianças da comunidade do Lagartixa, no Complexo da Pedreira, em Costa Barros trocam réplicas de armas para serem campeões do esporte
Violência, desigualdade social, difícil acesso à educação e a falta de qualificação profissional são problemas comuns que crianças e jovens, moradores de favelas, vivenciam no seu dia a dia. Porém, apesar das adversidades que fazem parte do roteiro de quase toda história de quem nasce em regiões periféricas, o trabalho do mestre de karatê Júnior Jeová Damasceno, conhecido popularmente como mestre Stallone, em Costa Barros tem transformado a vida de muitas famílias na comunidade do Lagartixa.
Há mais de trinta anos dando aulas gratuitas de artes marciais para crianças e adolescentes, o professor vem sendo um exemplo de perseverança e esperança para os jovens do Complexo da Pedreira. Batizado com o nome “Lutando por um futuro melhor”, o projeto que não tem verbas e patrocínios de nenhum órgão ou instituição, pública e nem privada, é o desafio diário que o mestre Stallone não se cansa de colocar em ação.
Um fato claro desse desafio foi quando Stallone vendo crianças portando armas de brinquedo, se passando por traficantes da localidade e buscando o lado errado da vida como referência, fez com que o professor sentisse a necessidade de fazer algo por aqueles jovens. E assim, decidiu agir, chamando a atenção deles e fazendo um acordo com cada um.
O professor conta que certo dia ao ver as crianças, com réplicas de armas, não teve dúvida de que era a hora certa de estar mais perto delas e ensinar o que realmente vale a pena. “Cheguei junto e prometi que faria deles grandes vencedores na arte marcial e na vida, mas que para isso precisariam entregar aqueles “brinquedos”, os quais eu deixo até hoje expostos no Centro de Treinamento e sempre os lembro que não servem para nada, além de destruir vidas”, narra o mestre.
Stallone conta que a partir daí os mesmos jovens que antes faziam armas com pedaços de cano e viam isso como atrativo, hoje se espelham nas aulas de artes marciais e mantêm vivo o sonho de serem campeões do esporte. Ele afirma que a comunidade tem sido muito participativa e conta que no último evento de troca de faixas, em 07 de setembro, foi um dia de celebração.
A moradora Débora Oliveira falou um pouco de como é bom ter o projeto na comunidade: “meu filho Jorge participou do exame de faixas. Fico feliz por essa iniciativa e poder ver ele crescendo e se desenvolvendo com o esporte não tem preço”, afirmou a mãe orgulhosa.
Outra moradora satisfeita com o projeto e que procura sempre acompanhar o trabalho com o filho é Elaine Lima, mãe do João de apenas 10 anos, que faz parte do grupo de pessoas com deficiência (PcD). “As pessoas que tem os seus filhos com deficiência mental devem incentivar sim, a prática de esportes. “Não tenham vergonha e lutem por seus filhos, vale a pena, hoje eu vejo meu filho ativo, participando dos treinos, fazendo tudo que o mestre pede e isso me deixa muito feliz. A diferença dele antes e depois do karatê é visível”, afirmou a mãe, satisfeita com a atividade que proporciona um desenvolvimento social para seu filho.
Já para Mateus o esporte despertou o desejo de competir, sonhar e ir mais adiante na vida. “Pra mim é um prazer participar desse projeto, o karatê me fez sonhar voos ainda maiores e pensar em quem sabe um dia representar meu país em uma Olimpíada”, finalizou o jovem cheio de esperança.
Matéria publicada originalmente no jornal A Voz da Favela edição (outubro/2021)
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