“Ainda Estou Aqui” pode ser exibido em todas as escolas da rede municipal
Projeto prevê exibição do primeiro filme brasileiro vencedor do Oscar, seguido de debate

Premiado como melhor obra estrangeira e indicado a outros dois prêmios no Oscar 2025, o filme “Ainda Estou Aqui” pode ser exibido em todas as escolas da rede municipal de ensino. A proposta, feita pelo vereador Thiago Damaceno, também prevê um debate com os alunos e profissionais da rede sobre o conteúdo apresentado no filme.

Vereador Thiago Damaceno Foto: Reprodução

“Acredito que a escola tem que ser cada vez mais atrativa, indo além das matérias tradicionais e dialogando com outros fatores, como o cinema, que é uma ferramenta pedagógica poderosa, capaz de despertar a sensibilidade e ampliar a compreensão da realidade. ‘Ainda Estou Aqui’ aborda temas como identidade, memória, desigualdade e a luta por direitos, proporcionando uma abordagem acessível e envolvente para quem está na escola sobre um período da história do nosso país. Por isso, estamos propondo a exibição seguida de debate, para que os alunos também possam expressar suas percepções e desenvolvam argumentações e entendimentos sobre a sociedade onde vivem”, disse Thiago Damaceno.

O vereador, responsável por protocolar a indicação legislativa que viabiliza a implementação deste projeto, enfatizou a relevância da iniciativa para o desenvolvimento educacional. Segundo ele, essa é uma oportunidade extremamente valiosa para enriquecer o ambiente escolar, proporcionando aos alunos acesso a novos conhecimentos, perspectivas e experiências que estimulem o pensamento crítico e reflexivo.

Além disso, ele destacou que a proposta não apenas fortalece o senso crítico dos estudantes, mas também contribui significativamente para a construção de uma educação mais humanizada, inclusiva e alinhada com os desafios contemporâneos. Ao promover debates, incentivar o diálogo e ampliar horizontes, o projeto se torna um instrumento essencial para formar cidadãos mais preparados para enfrentar as complexidades do mundo atual.

O filme “Ainda Estou Aqui” narra a emocionante e impactante história do ex-deputado federal Rubens Paiva, uma das vítimas da repressão durante o período mais brutal da ditadura militar no Brasil. Preso por forças militares e posteriormente desaparecido, sua trajetória se tornou um dos casos mais emblemáticos da violência do regime. A produção mergulha nesse doloroso capítulo da história brasileira, trazendo à tona não apenas os fatos políticos, mas também as profundas consequências emocionais e sociais dessa tragédia.

Sob uma perspectiva íntima e comovente, o longa retrata os desafios enfrentados por Eunice Paiva, esposa de Rubens, que se vê obrigada a lidar com a dor da ausência, a incerteza sobre o destino do marido e a incansável busca pela verdade. Além da luta por justiça, Eunice precisa tomar as rédeas da família, assumindo um papel fundamental na reconstrução da vida dos filhos e na superação dos traumas deixados pela repressão.

Ao mesclar o contexto histórico com um profundo drama familiar, “Ainda Estou Aqui” não apenas relembra um período sombrio da história do país, mas também destaca a força, a resiliência e a coragem daqueles que tiveram suas vidas devastadas pela ditadura. A narrativa reforça a importância da memória, da justiça e da preservação da verdade, garantindo que as novas gerações compreendam os erros do passado para que jamais sejam repetidos.

Com uma abordagem sensível e potente, o filme se propõe a ser um testemunho essencial sobre os impactos do autoritarismo e a luta incansável das famílias que tiveram seus entes queridos silenciados pelo regime. Mais do que um relato histórico, trata-se de uma homenagem à resistência, ao amor e à busca incessante por respostas que nunca deveriam ter sido negadas.

O impacto do filme ultrapassou as fronteiras do Brasil e ressoou globalmente, conquistando a admiração do público e da crítica internacional. Sua poderosa narrativa e abordagem sensível sobre um período marcante da história brasileira renderam à produção o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro, consolidando seu prestígio no cenário cinematográfico mundial. Além desse reconhecimento, a obra também alcançou um feito notável ao ser indicada à categoria de Melhor Filme, competindo lado a lado com grandes produções internacionais e reforçando sua relevância artística e cultural.

Outro destaque foi a brilhante atuação da renomada atriz Fernanda Torres, que deu vida à personagem Eunice Paiva de maneira intensa e comovente. Sua performance excepcional, marcada por profundidade emocional e entrega absoluta ao papel, foi amplamente aclamada pela crítica especializada. Como resultado, Fernanda recebeu uma merecida indicação ao prêmio de Melhor Atriz, reafirmando seu talento e consolidando sua posição como uma das intérpretes mais respeitadas do cinema.

A repercussão do filme não se limitou apenas ao universo dos festivais e premiações. Sua mensagem poderosa sobre memória, justiça e resistência reverberou em diferentes países, promovendo debates sobre os impactos da ditadura e a importância da preservação da verdade histórica. O sucesso da produção demonstrou que histórias de luta e superação são universais, encontrando eco em espectadores de diversas culturas e contextos.

Com uma trajetória marcada por reconhecimento e impacto social, o filme se estabeleceu como uma obra essencial, não apenas para o cinema brasileiro, mas para a memória coletiva global. Seu legado transcende a tela, reafirmando o papel da arte como ferramenta de reflexão, conscientização e transformação.