Vida pacata do interior baiano não resiste ao avanço célere do coronavírus

Ruas desertas já não significam tranquilidade no interior - Foto ilustrativa

A tranquilidade de quem vive na zona rural foi interrompida quando a pandemia do coronavírus começou a se espalhar, e a antes improvável expansão aconteceu: o vírus extrapolou as grandes metrópoles. Na Bahia, dos 417 municípios, atualmente 362 já figuram nas estatísticas do contágio. O último boletim de saúde, desta terça-feira, 23, mostra 49.084 casos confirmados no estado, com 1.491 vítimas fatais. Salvador lidera, com 24.348 casos, o que corresponde a 50,57% dos infectados do estado.

No início da pandemia, os casos se concentravam na capital e na região metropolitana, e no interior reinava certa calmaria. Em março, 60% dos casos estavam em Salvador, mas este cenário mudou rapidamente nos últimos balanços, quando os casos dos municípios começaram a crescer assustadoramente.

Dos quase 50 mil casos registrados na Bahia, perto da metade está no interior. Na região do Baixo Sul, Valença, com pouco mais de 100 mil habitantes, tem 434 casos com 12 mortes, e Gandu tem 382 casos e nove mortos. No Recôncavo, Santo Antônio de Jesus é o município que mais preocupa: 278 casos e 6 mortes e nesta semana dezenas de pessoas foram presas por participar de uma festa.

No Sudoeste do estado, a cidade de Poções, com 48 mil habitantes, registra 117 casos e 3 mortes. Cerca de cinco mil pessoas chegaram na cidade durante esse período de pandemia, todas vindas de São Paulo, o que a Secretaria de Saúde aponta como principal fator para o alto número de casos.

Na região metropolitana, a cidade de Alagoinhas registrou ontem, 22, 344 casos, distribuídos em 42 bairros, e foram contabilizadas 09 mortes.

Os números vêm crescendo diariamente, de maneira veloz, e rouba a paz da vida pacata no interior, forçado a lidar com o inimigo invisível. Cidades remotas, praticamente isoladas, convivem nestes dias de pandemia com as severas restrições de entrada e saída de pessoas. São cada vez maiis raras as exceções diante do número de infectados e mortos, que ameaçam igualar-se aos da capital. Autoridades de saúde dizem que, apesar das medidas restritivas, é necessário que população obedeça as orientações de distanciamento e isolamento social; caso contrário, a ocupação de leitos hospitalares chegará a 100% em poucos dias.