Eterna escola de Noel Rosa trouxe para a Marquês de Sapucaí um enredo pueril sobre o povo brasileiro | Caio Ferraz/ANF

A Vila Isabel fez uma apresentação com muita pompa, mas pouco conteúdo. Se as fantasias estavam bem acabadas, não se pode dizer o mesmo do enredo “Gigante pela própria natureza: Jaçanã e um índio chamado Brasil”. Parece ter sido concebido por Policarpo Quaresma, criação de Lima Barreto que paga com a vida seu patriotismo num país que existe apenas em sua imaginação.

Segundo o carnavalesco Edson Pereira, a intenção era contar a história de um índio chamado Brasil que teria uma filha chamada da Brasília e por meio deste ‘conto de fadas’ falar sobre o povo brasileiro de uma forma mais branda, mostrando que os povos de todas as regiões podem ser unidos, desde que conheçam a sua própria terra e sua gente.

Este discurso esbarra em várias problemáticas sociais o que acaba contrastando com a noite anterior, onde grande parte das apresentações foram carregadas de críticas e de histórias reais que são silenciadas em nosso cotidiano, vide a Viradouro, de Niterói, que falou sobre as ‘ganhadeiras’, descendentes de escravizadas no interior da Bahia e da Estação Primeira de Mangueira, que trouxe um Jesus negro para avenida a fim de questionar a morte de jovens negros nas favelas pela Polícia Militar e a intolerância religiosa e a rejeição pelo ‘diferente’, desta forma, exemplificando a guerra entre classes sociais que acontece todo santo dia.

O samba enredo não caiu no gosto popular e a apresentação em si seguiu o protocolo esperado de uma escola grande e tradicional como a Vila Isabel, porém, faltou mais conteúdo para abrilhantar um desfile regular que tire a azul e branca do risco de queda para o Grupo de Acesso. g class=”alignnone wp-image-54568 size-large” src=”http://www.anf.org.br/wp-content/uploads/2020/02/8eb61334-45dd-4a60-910c-3235ee905ef0-696×392.jpeg” alt=”” width=”696″ height=”392″ />

*Fotografias: Caio Ferraz | ANF – Em caso de uso, o crédito é obrigatório