Na manhã de terça-feira, (3/9), o pedreiro José Pio Baía Junior foi atingido por um tiro enquanto trabalhava na Vila Kennedy, comunidade da Zona Oeste do Rio, após tiroteio envolvendo a polícia. Moradores queimaram um ônibus e pneus na Av. Brasil em protesto a morte do pedreiro.
José, de 45 anos, era morador da comunidade, pai de cinco filhas e conhecido por realizar obras na região. Foi baleado enquanto levantava uma laje no bar Varandão da Gana, próximo a Av. Brasil. Segundo relatos dos moradores, José estava com um martelo quando levou o tiro.
Uma viatura estava presente na favela quando o tiroteio começou. Moradores apontaram uma policial como autora do disparo, que após ver o homem ser atingido, recuou e entrou no carro da PM que estava no local.
Moradores protestam
Por volta das 12h, manifestantes atearam fogo em um ônibus da linha 770 que faz o trajeto Campo Grande x Coelho Neto, protestando a morte do trabalhador. O ônibus ficou atravessado na Av. Brasil, na altura da Vila Kennedy, bloqueando o tráfego nos dois sentidos. Pneus também foram incendiados.
A PM usou bombas de gás lacrimogêneo para conter os manifestantes. Além disso, PMs de quatro batalhões, acompanhados de um helicóptero foram chamados até o local e depois de mais de uma hora interditada a via foi totalmente liberada por volta das 15h.
“O cara só estava colocando uma laje. Até quando martelo ou guarda-chuva vai ser confundido com arma?”, questiona uma moradora da Vila Kennedy que não quis ser identificada.
A moradora disse que não conseguiu ir trabalhar na terça-feira por conta do bloqueio na Av. Brasil e dos tiroteios. Contou que o medo da volta não a deixou ir ao trabalho, pois entende o risco de sair sem saber se vai voltar ou não para casa. Além do mais, relatou que com os tiroteios constantes a alguns anos se torna inviável sair ou entrar na vila, e que as barricadas nas ruas principais dificultam o acesso dos moradores.
“Realmente estamos abandonados e só assim pra chamar a atenção. É de forma errada? Sim, e sabemos que não vai mudar. Nunca muda. Amanhã a mídia vai embora e quem continua sofrendo são os moradores”