O pequeno bairro de cerca de 64 mil habitantes localiza-se entre os dois maiores da cidade, Bangu e Realengo, na Zona Oeste carioca. Embora o tamanho seja desproporcional aos seus vizinhos, com toda certeza não é documento. Na comunidade é possível encontrar duas escolas de samba, Unidos de Padre Miguel e Mocidade de Padre Miguel, e o reduto boêmio Ponto Chic, onde a diversidade de atividades permitem uma movimentação noturna para lá de agitada. A virada que tornou Padre Miguel um símbolo da festa mais importante para os cariocas, o carnaval, tem em sua história engenhos e crenças, mas luta e representação também fazem parte da trajetória dos moradores desde sua formação.
No início, toda a região era parte do domínio da família Barata que possuía latifúndios espalhados pelo território, mas é em homenagem ao Padre e Monsenhor Miguel de Santa Maria Mochon que os nomes da estação de trem e escolas de samba foram escolhidos. Representante da Igreja Nossa Senhora da Conceição, o padre tinha intenção catequizadora. Contudo, foi além da missão religiosa e apoiou a criação de várias atividades no bairro, incentivando às artes através do pequeno cinema que montou e a educação a partir da criação da primeira escola regular da comunidade. Em 1947, o mesmo veio a falecer, mas seu legado de troca com os moradores do bairro o renderam grandes homenagens. A estação conhecida como Moça Bonita, tornou-se Padre Miguel e só então com a formação e sucesso da escola de samba trocou-se para Mocidade de Padre Miguel. Sua representação virou ponto de referência em todos os sentidos.
Ademais, a localidade possui outras significações. O Estádio Proletário Guilherme da Silveira Filho foi criado em homenagem aos proletários da antiga fábrica têxtil de bangu, hoje Shopping Bangu, também conhecido como Moça Bonita, em 1947. Apesar de ser apontado como sede do Bangu Atlético Clube, o estádio localiza-se no centro de Padre Miguel, em frente a icônica praça Guilherme da Silveira, também nome da estação de trem que surgirá anos depois. Lá não há como esconder os mais de 70 anos de história do futebol carioca, onde inúmeros artilheiros dos maiores times da cidade tiveram suas primeiras jogadas. Quem ai não conhece o Luisão, Joel e Zizinho? Seja pelos jogos de futebol calorosos, pelas quadras da praça ou os bares que hoje fervilham a noite, a praça certamente disputa o coração pulsante do bairro com o Ponto Chic.