Visão de cria da favela sobre saúde mental

Crédito: Alessia Cacciotto
Entender o contexto histórico 

As favelas nascem a partir de um processo histórico, na formação do estado capitalista brasileiro. Desde a colonização grupos populacionais vivem de forma marginalizadas, abandonados  à própria sorte.

Na verdade as favelas são soluções encontradas por pessoas, em sua maioria negras, pra proverem a si próprio o direito a moradia, na ausência de ação do Estado para acomodar essas pessoas na cidade. O resultado, são muitas das moradias em lugares vulneráveis: encostas de morros ou beira de rios

Sofrimento e angústia passado por gerações  

Sofrimentos mentais que atravessam moradores de favela tem a ver com nossa dinâmica da vida atual, com base no modelo de vida capitalista. Que preza pelo acúmulo de bens, o consumo, a individualidade e a meritocracia.

Outro aspecto importante fruto dessas vulnerabilidades é a questão da segurança nos territórios, operações policias e os abusos cometidos pelos agentes de segurança e as guerras entre facções.

Dinâmica familiar e as exigências da Pandemia 

As exigências impostas pela pandemia, expôs um modelo de vida que é nocivo à população favelada.

Famílias numerosas, casas com pequenos cômodos, a necessidade de ter que ir pra rua garantir a condição mínima pra se sustentar. Estou falando de camelôs, diaristas, seguranças, e outras empregos subalternos, mães solteiras. 

Enquanto uma outra parte da sociedade tem o privilégio da quarentena no conforto do seu lar, enquanto na periferia, mesmo com a cidade “parada” o trabalhador teve que enfrentar ônibus lotado e se arriscar em serviços de delivery, por exemplo.

Ansiedade, falta de perspectiva no futuro, perda de emprego, conflitos familiares, inflação, medo da morte por doença ou operações policiais e atividades de lazer interrompidas, minam a condição mental das pessoas no seu dia-a-dia.

Arte urbana e auto estima da comunidade

Em maio de 2021, uma operação mal sucedida da polícia carioca, culminou na morte de 28 pessoas. Uma das operações mais letais da história do Rio de Janeiro.

Uma semana após o ocorrido, através da iniciativa do @labjaca @timesgraffrj e associação de moradores do Jacarezinho, organizaram um grafitaço com um único objetivo: cobrir as marcar de tiro deixada pela operação, e devolver a auto estima para comunidade.

O resultado foi muito favorável, tendo em vista a grande participação dos moradores, em sua grande maioria crianças. Por alguns instantes, a sensação de medo e insegurança foi trocada pelo alivio e a tranquilidade que os desenhos e suas cores passavam.

A  ação mostra como a arte também pode ser aliada na vida dos moradores de favela em geral, não só por meio do grafite. Mas a música, a dança, as artes urbanas em geral são desenvolvidas em potência dentro das favelas.

Do morador para o morador, essa dinâmica demonstra o quanto a ausência Estado de forma positiva adoece emocionalmente as populações das comunidades, porém também demonstra o quanto que a comunidade unida tem muito potencial, no sentido de ampliar as perspectivas das pessoas em relação a importância da arte nos seus próprios territórios, e a relação com a questão da saúde emocional coletiva.

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