Entre os dias 13 a 17 de novembro, será realizada nas ruas de Salvador, a vivência performativa e urbana LEVANTE. O projeto, que envolve jovens estudantes do Centro Estadual de Educação Profissional Formação e Eventos Isaías Alves (CEEPIA), contará com a provocação artístico-educativa “Vivência Chão que Somos”, conduzida pelos artistas Caboclo de Cobre e Queisy*.
A vivência, que tem como objetivo experienciar uma refundação de nossa história, para o desvelamento de nossa real identidade. ocorre no Galpão das Artes, no Forte do Barbalho.
Quatro artistas locais podem se inscrever para participar através de link a seguir – https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdReU1xUkzcCKe_P7i-iLO80sMNfCA7rn5u2De45sM4VpsVTQ/viewform.
No dia 17 de novembro, em horário a ser divulgado no Instagram, ocorrem os levantes performáticos e ritualísticos. LEVANTE! foi contemplado pelo edital Diálogos Artísticos –Bicentenário da Independência na Bahia e tem apoio financeiro da Fundação Cultural do Estado da Bahia, unidade vinculada à Secretaria de Cultura (Funceb/SecultBa).
Chão que Somos
“No caso de nosso povo, não há independência sem o mergulho na raiz da formação identitária. Sem esse mergulho e entendimento os sonhos sobrepostos nos corpos serão sempre os sonhos do colonizador replicado por corpos colonizados”. Esta é uma breve antecipação ao que se propõe a Vivência Chão que Somos, conduzida pelos indígenas baianos Caboclo de Cobre e Queisy, que traz como eixos norteadores “Comunidade” e “Ancestralidade”, “palavras que geram sentimentos de trans performatividade”.
Cobre e Queisy explicam que a vivência, primeiramente, irá sensibilizar os participantes no que se refere a história da Bahia sob uma perspectiva indígena. “Traremos referências indígenas presentes nas periferias. Aproximar os estudantes ao pensamento indígena acerca da arte, além de resgatar memórias afetivas ancestrais. Tudo isso, para que possamos levantar memórias pessoais, a partir de explorações rítmicas ancestrais e aguçando os sentidos com sabores e saberes naturais e ancestrais”, descreve Caboclo de Cobre, ao acrescentar que os ritos contarão com a participação dos indígenas Taquari Pataxó e Kireymbab Tracajá Tupinambá.
*Contexto*
Há duzentos anos uma grande mobilização popular culminou na Independência da Bahia, no dia 2 de julho de 1823. A libertação política de um território de sua colônia. Mas, no contexto atual, muitos são os corpos aprisionados em preconceitos e violências sociais – racismo, machismo, lgbtfobia, entre outros – que impedem o deslocamento destes corpos. É neste ponto que surge o projeto LEVANTE, que busca questionar as idéias de independência e afirmação dos sujeitos na sociedade. O ponto de vista está sob o sujeito ao invés do território, como fora há dois séculos.
*Mergulho Ancestral*
LEVANTE faz parte de uma pesquisa artística do CORRE sobre as normatividades sociais e os impactos da colonização que há séculos atravessam as existências dissidentes, a exemplo de pessoas LGBTQIAP+, mulheres e corpos negros. O projeto já passou por Alagoinhas e Cachoeira e contou com a participação de 40 estudantes nas performances em multidão, além de ter contado com artistas contemporâneos implicados em questões que perpassam pela afirmação dos sujeitos em dissidência à colonialidade – o artista plástico e grafiteiro Pinho Blures, em Aagoinhas, e a performer e artista plástica Tina Melo, em Cachoeira.
*Afirmação*
O CORRE Coletivo Cênico dedica-se a pesquisa artística sobre as masculinidades e
normatividades sociais, tendo como base as narrativas de seus integrantes: homens gays, autodeclarados pretos, oriundos ou com passagens pelo interior da Bahia, alguns vivendo com HIV, alguns drag queens. Criado em 2019, ao longo de sua trajetória, o grupo realizou criações cênicas, performances virtuais, debates online e encontros de acolhimento para homens gays.
Dentre as obras, destaca-se o espetáculo virtual “PARA-ÍSO”, criado a partir da Lei Aldir Blanc, sendo indicado ao Prêmio Braskem de Teatro, nas categorias Melhor Espetáculo Adulto, Texto e Direção, vencendo nesta última. O grupo acaba de estrear seu primeiro espetáculo presencial, “peça Museu do Que Somos”, com temporada em outubro de 2023, na Sala do Coro do Teatro Castro Alves.