Weintraub fugiu mas deixou furos, apesar da ajuda do Diário Oficial

Como antecipado no dia mesmo de sua despedida do Ministério da Educação, na última quinta-feira, 18, quando disse que sairia do Brasil “o mais rápido possível”, Abraham Weintraub amanheceu este sábado, 20, em Miami, como anunciou logo cedo seu irmão Arthur nas redes sociais, com o agradecimento a amigos e colaboradores. Não citou, por elegância, o presidente Jair Bolsonaro por fazer publicar a exoneração do ministro em edição extra do Diário Oficial no começo desta tarde, ao melhor estilo mafioso “aos amigos, tudo, ao inimigos, chumbo quente”. Graças ao expediente burocrático, Weintraub viajou na noite de ontem.19, com passaporte vermelho de serviço e contou com a boa vontade do governo americano, pois brasileiro não entra mais no país desde a última semana de maio.

O agora ex-ministro é investigado em inquérito no Supremo Tribunal Federal sobre a disseminação de fake news e ameaças a ministros do tribunal. Ele foi incluído no inquérito pelas ofensas ao Supremo. O ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, pediu a retirada de Weintraub do inquérito, por um pedido de habeas corpus, mas, na quarta, 17, o tribunal rejeito por 9 votos a 1.

Ele também responde no Supremo, a pedido da Procuradoria Geral da República por suposto crime de racismo. Em abril, Weintraub publicou mensagem em uma rede social indicando que a China poderia se beneficiar, de propósito, da crise do coronavírus. Na mesma postagem, ele ridicularizou o fato de alguns chineses, quando falam português, trocarem a letra R pela letra L.

Segundo o site O Antagonista, a fuga de Abraham Weintraub para os Estados Unidos pode resultar em processos contra ele aqui e lá, enquadrado na Lei de Improbidade Administrativa e nas violações às exceções de entradas de brasileiros nos EUA. Condenado por improbidade, paga multa e fica com os direitos políticos cassados. Dos EUA, ele pode ser expulso, caso se comprove que ele mentiu para entrar lá. Diz a lei brasileira que é improbidade “qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade ou lealdade às instituições”.

Weintraub entrou nos EUA com passaporte diplomático concedido a representantes do estado mesmo sabendo que não era mais ministro. Seria uma quebra do dever de honestidade e lealdade às instituições, prevista no artigo 11 da Lei de Improbidade.

Nos EUA, ele passa a ser “prioridade para remoção”.

No dia 24 de maio, o governo americano proibiu brasileiros de entrar no país por causa do avanço da pandemia de Covid-19. Alguns brasileiros ainda estão liberados, como os representantes do governo. Mas o item “d” da Seção 3 da Proclamação de Suspensão de Entrada diz que estrangeiros que burlarem as exceções “por meio de fraude ou deturpação de um fato relevante” serão tratados como “prioridade para remoção” pelo Departamento de Segurança Interna – Homeland Security, no nome original.

“Terá sido uma fuga inútil”, conclui O Antagonista.