Nem nos meus piores pesadelos poderia imaginar que o povo carioca e fluminense pudesse ter governantes que odeiam o povo eleitos por esse próprio povo. A nível municipal, temos um prefeito que odeia e ataca a maior manifestação cultural que é o Carnaval. Que tripudia de mortes de pessoas ao fazer piada com a Ciclovia Tim Maia e sugerir mudar de nome. Um prefeito que não tem nada da alma carioca e que foi eleito inexplicavelmente. Aliás, tem explicação sim, o voto de cabresto que antes era determinado pelos “coronéis” e agora são puxados por maus pastores pentecostais e inescrupulosos. Foi esse mesmo voto que elegeu o governador neofascista que comanda com mão de ferro o estado do Rio de Janeiro.
Como um juiz federal totalmente desconhecido da população fluminense, conseguiu se eleger deixando políticos famosos pra trás? Um juiz que nem a imprensa tinha ouvido falar. Com um discurso higienista e temeroso, WW (Wilson Witzel), prometeu acabar com a violência do estado do Rio de Janeiro com uma política de segurança assassina e que “a polícia ia mirar na cabecinha e atirar.”
Em seis meses de governo, ele vem cumprido essa promessa mórbida. O número de pessoas mortas nos chamados autos de resistência triplicou. Policiais, traficantes e pessoas inocentes, todas nessa eterna operação enxuga gelo, que se repete a décadas e pelo visto, está longe de acabar.
Não satisfeito com o número de óbitos, ele que defende a ação de atiradores de elite (os chamados snipers), drones, que já sobrevoou num helicóptero numa ação policial onde policiais atiraram num acampamento religioso, disse na semana passada que gostaria de ter uma autorização da ONU – Organização das Nações Unidas – para lançar mísseis na Cidade de Deus, mesmo sabendo que lá (e em outras favelas é claro) moram “pessoas de bem.”
E o pior de tudo é o silêncio da sociedade civil, da imprensa, dos órgãos de justiça que nesse silêncio covarde, legitima o governador a manter essa política genocida contra o povo favelado e principalmente o povo preto.