O Bloco Afro Olodum Mirim, existe há 33 anos, como fruto da Escola Olodum, e vem ao longo desse tempo reafirmando a importância da identidade negra através das manifestações culturais.
A iniciativa tem como propósito transmitir a cultura do carnaval para jovens e crianças, partilhando sabres entre várias gerações, para além da diversão, estabelecendo uma conscientização da cidadania dos afrodescendentes.
De acordo com a diretora da Escola Olodum, Linda Rosa Rodrigues, várias crianças e jovens já viajaram países africanos, europeus e outras cidades e capitais dentro do Brasil. “Uma das nossas grandes missões é proporcionar essa experiência aos nossos, que muitas vezes se quer acreditam que sair do país é uma realidade possível”.
Para o professor de dança, Wagner Santana, que há 23 anos faz parte da Escola Olodum, o projeto é uma “escola de vida” para muitas pessoas. “A Escola Oludum para mim é sobre inclusão das crianças, jovens e adolescentes que estão no nível de vulnerabilidades nos bairros, onde elas vivem, e a escola trás para esses jovens um lugar de fala, aprendizado, mostrando e informando o contrário que a sociedade nos ensinou” destaca.
Atualmente a direção e coordenação do projeto é formada majoritariamente por mulheres e conta com participação de ex alunos. Linda Rosa Rodrigues (diretora geral), Magda Paim (diretora financeira), Geraldo Marques (mestre e responsável pela direção musical), Tainara Maliane (maestrina), Leticia Lemos (produtora), Yasmin Miranda (social media), Thais Santos (preparação técnica), Dora Lopes e Wagner Santana (direção artística e coreografia).
Para ser aluno da Escola Olodum é necessário ser morador de comunidade periférica, estar matriculado e frequentando escola municipal ou estadual para aqueles que são de menor.
A seleção é feita através de edital, após audições.
Bloco Afro Olodum Mirim no Carnaval
No carnaval deste ano, o tema escolhido foi: “Revolta dos Búzios: Uma luta pela igualdade – os mensageiros da liberdade”. O bloco mostrou a luta de resistência por igualdade social e a valorização e o respeito com a origem histórica do povo negro. A apresentação aconteceu na segunda-feira, 12, no circuito Batatinha no Pelourinho.
Participaram do evento cerca de 200 integrantes, 50 profissionais na parte “técnica”.
“Levamos as ruas um exército de paz, de amor e de ancestralidade. Contamos a luta dos revoltosos da revolta dos búzios, a primeira revolução social do país que lutou por direitos iguais, que é muito do que acreditamos, em uma igualdade e oportunidade para os nossos meninos”, destaca Linda Rosa Rodrigues – Diretora da Escola Olodum e Carnavalesca do Bloco Olodum Mirim.
Ao som de tambores, gritos de resistência, uma chamada á sociedade para a valorização da cultura negra, para a reafirmação da identidade. Uma manifestação que vai além da diversão carnavalesca, uma forma de expressar o quanto a cultura importa e o quanto o povo vibra por igualdade de direitos.
Linda Rosa, relata que o projeto vem recontar histórias que muitas vezes foram apagadas ou negadas no passado (quando era criança).
“O racismo ele aflora ainda quando se é criança, ninguém nasce racista, se torna, uma manifestação cultural tem a força de contar histórias, trazer à tona o reconhecimento de quem você é, é importante que as crianças tenham seus espaços, suas experiências, suas manifestações culturais com a ancestralidade evidenciada para que possam também se expressar pela música, pela dança e pelo canto”.
Por ser uma instituição não governamental, o apoio de patrocinadores é essencial para que o projeto seja executado. Este ano com o patrocínio do Atacadão e da Prefeitura, foi possível a realização do carnaval da do Bloco Afro Olodum Mirim.
“O Atacadão, que esteve conosco dos ensaios técnicos até o grande dia foi fundamental para desenvolver nosso carnaval, pois pela primeira vez tivemos uma estética completa na rua. De um bloco afro, vestimentas, adereços, maquiagens o que é muito custoso e sem recurso de tornaria inviável. Além dele, contamos também com o apoio da prefeitura de Salvador que está reconhecendo e valorizando a história e cultura dos blocos afros”, finaliza.